segunda-feira, 20 de outubro de 2014

BFR - Botacrise de Futebol e Regatas

Ilustração: Ray Melo
O fogo foi-se há muito tempo. Deu lugar a crise e, ultimamente, poderia ser chamado até de "Botacrise", pois justamente são as crises as mais diversificadas no clube. Guerra de vaidade, problemas financeiros, demissões e, até mesmo, queda técnica atormentam os dias do clube que mais cedeu jogadores à seleção brasileira em Copas do Mundo.

A história do Botafogo, inegavelmente, é rica. Clube de Mané Garrincha, Zagallo, Gerson, Nilton Santos, Didi, Quarentinha e tantos outros ídolos. Clube da estrela solitária, que escolhe predestinadamente os torcedores, ao invés de ser escolhido.

O alvinegro andou, ultimamente, enfraquecendo essa imagem. E o ano de 2014, com a absoluta certeza, chega a ser devastador para o clube e, principalmente, os torcedores. A ausência do Engenhão - de forma bastante contraditória e estranha (leia mais em: http://goo.gl/wcLDN7) - prejudicou, senão o fator principal, para a crise financeira do clube. Era o momento de disputa de Libertadores, onde o clube tiraria um pouco mais de R$30 milhões por ano e, de forma repentina, lhe é tirado isto. A atitude é destruidora à qualquer clube. 

Com isso, e após a eliminação da Libertadores, o elenco do Botafogo foi se desgastando, principalmente após a saída do líder, até então, Clarence Seedorf. De lá pra cá, o alvinegro começou a decair, de forma bastante significativa. Fez um campeonato brasileiro pífio - até o momento - e foi eliminado de forma arrasadora pelo Santos, na Copa do Brasil. 

Antes disso, ocorrera um caso um tanto inusitado. O presidente, Maurício Assumpção, que até a perda do Engenhão, a meu ver, estava fazendo um bom mandato, sumiu. Mas apareceu recentemente para demitir quatro jogadores importantes no elenco alvinegro (Júlio Cesar, Edílson, Bolívar e Emerson Skeik), dentre eles três jogadores titulares. Em meio a crise vivida, essa atitude - que pode até ser considerada correta, por alguns - foi tomada no momento errado. O clube não precisava de dispensas agora, muito menos de quatro jogadores tão essenciais para o elenco. 

E mais, isso, com certeza, afetaria na convivência dos jogadores, na confiança dos jogadores perante a diretoria, pois estavam sem receber e, agora, sem a total confiança de saber se irão continuar ou, no dia seguinte, irão ser dispensados pelo presidente. É de se assustar tamanha atitude tão mal pensada. Os jogadores estão se sacrificando totalmente em prol da instituição, para a imagem do clube. E em troca recebem insegurança? Erro crasso.

Tão crasso, ou até mais, foi sacrificar o ídolo do clube e titularíssimo da seleção brasileira e do alvinegro, Jefferson, por não ter entrado em campo na derrota por 5 a 0 para o Santos, na Copa do Brasil. Houve um grande mal entendido, onde, como na maior parte das vezes, tiveram dois lados. Um é de Wilson Gottardo, gerente de futebol do Botafogo, que afirmou falta de caráter do goleiro em ir ao Rio de Janeiro, após voltar da seleção, ao invés de ir à São Paulo, para se encontrar com a delegação. Do outro, Jefferson afirma não ter sido comunicado de forma alguma, e foi para o Rio descansar, pois havia pego uma viagem exaustiva de, praticamente, um dia. 

É sempre complicado taxar alguém como correto. Mas se há alguém que deu tudo de si para o clube, este alguém se chama Jefferson. Mesmo em meio a crise, sem receber, e contrastando a fase que vive no alvinegro, de um rebaixamento iminente, sendo titular na seleção, ainda sim, sempre esteve à disposição e preferiu permanecer no clube a sair. 

O assunto se encerrou esta semana sem precisarmos taxar alguém como o correto da situação. E neste domingo (19/10/14) torcedores invadiram o Engenhão e protestaram com jogadores. Em meio a gritos e xingamentos, algumas críticas foram direcionadas ao Carlos Alberto, que revidou e o clima esquentou. Veja você mesmo:



Eis o momento em que vos pergunto até aonde irá seguir esta crise? O Botafogo atingiu todos os níveis da crise e cogitou-se até um possível fechamento do clube. Sinceramente, o que poderá salvar o alvinegro serão somente os jogadores. Sim. Aqueles mesmo que estão com os salários atrasados, inseguros e desgastados. Porque hoje a estrela solitária se pendura por um triz para não cair do "céu". E se cair, que me perdoe este clube tão tradicional, mas a crise irá chegar aos níveis destrutíveis. 

Que volte à tona o Botafogo, para deixar de vez o "Botacrise" na geladeira.

Um grande abraço,

Arthur Guedes.
(Facebook: https://www.facebook.com/arthur.guedes.54)
(Twitter: @GuedesLoco)

sábado, 11 de outubro de 2014

O dedo de Dunga

Ilustração: Ray Melo
Ele chegou contestado. Eu também me incluo nessa lista, porquê não acreditava ser um grande passo a ser dado chamar um cara - que por mais que tenha tido bons números em sua última passagem - fracassou, assim como Felipão, e, além do mais, tendo atitudes bastante desagradáveis. Mas ele foi o escolhido para trazer uma "revolução" a nossa seleção brasileira e, hoje mostrou que a equipe mudou, está com a vontade característica dele, o gana de pegar a bola e marcar qualquer jogador, inclusive um craque. Hoje a seleção está com a 'cara' de Dunga, ou melhor...Com o dedo.

O primeiro título já chegou na "Era Dunga" com pouco menos de 4 meses no cargo. O Superclássico das Américas foi vencido de forma, no mínimo, bela. O placar de 2 a 0 à favor do Brasil não traduziu o que foi a partida. As mudanças, em relação ao trabalho e/ou escolhas de jogadores feitas pelo Felipão, foram praticamente primárias, poucas. Mas nessa partida com uma efervescência fora do comum, um Brasil e Argentina, percebemos mudanças drásticas, principalmente com relação àquele jogo contra a Alemanha, na Copa do Mundo. A mudança não foi na escalação, embora o Dunga tenha promovido a entrada de rostos "novos" na equipe. A troca foi na postura, no modo de jogar e de se portar em campo. Aliás, é essa a grande revolução que a seleção brasileira precisava, e quem bom ver a sua chegada.

O meio-campo se portou de outra forma. Fechado, com um padrão tático, que pode ser modificado durante a partida. As mudanças táticas não são reprováveis, precisam ocorrer mesmo, afinal de contas o adversário muda de partida para partida. Cada jogo é um jogo, não é? O que é reprovável é um time não ter um padrão tático e se modificar de partida em partida. O padrão tem que ser um, como a própria palavra já deduz. Mas com vertentes que poderão ser utilizadas dependendo da situação. E foi justamente isso que enxerguei nessa equipe de Dunga. E o ponto clímax, onde é possível perceber tal mudança com facilidade, foi na entrada de Kaká na equipe. Com a saída de Diego Tardelli, Neymar se tornou um "falso 9", um atacante que se movimenta, e o esquema (que começou num 4-4-2 básico, com dois volantes e dois meias) se modificou para um 4-2-3-1, com Oscar, Kaká e Willian fazendo a trinca de armadores. Essa vertente ocorrendo em meio a partida quebra qualquer esquema adversário, assim como quebrou o da Argentina.

As entradas de Miranda, Filipe Luis, Elias, Danilo, Tardelli e Jefferson foram boníssimas. Mostraram que podem ser boas opções para a tal revolução de Dunga. Fora, é claro, Ricardo Goulart e Everton Ribeiro que vivem grande fase. 

O Kaká eu queria dar um destaque individual. A presença dele já vale, muitas vezes, por si só. Mas não enxergo o Ricardo 'Kaká' como um jogador apenas de nome, que está em uma forma física pífia e apenas serve para "causar medo" ao adversário. O Kaká pode sim causar medo dentro de campo, como causou hoje ao chamar, em um lance, três adversários argentinos para sua marcação. O que ele tem mostrado no São Paulo é alegrador. É sempre bom ver um jogador já consolidado no futebol ainda querendo mostrar mais, apresentar a todos que ele pode ser sim uma grande opção e que podemos contar com ele. Eu tenho a certeza disso. Eu contaria com o Kaká. E acho que o Dunga partilha dessa ideia também.

O título de hoje foi um passo importantíssimo nesse início de "Era Dunga". É sempre alegrador começar sendo campeão. Mas, como destaquei, o passo mais importante foi dado: a verdadeira mudança de postura. A seleção brasileira já mudou e me agradou. A seleção brasileira intimida e, agora, mostra que tem o dedo de Dunga.

Um grande abraço,

Arthur Guedes.
(Facebook: https://www.facebook.com/arthur.guedes.54)
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