sábado, 25 de abril de 2015

Charge #1

Como anunciado na nossa página do facebook, a charge está no ar com requintes de crueldade. Com um humor sarcástico, Rayssa Melo, nossa diretora de arte, lançou o "papo" desta semana. Há quem diga que nos bastidores...


Arthur Guedes.
(Facebook: https://www.facebook.com/arthur.guedes.54)
(Twitter: @GuedesLoco) 

Caso Jobson


Não é a primeira vez que Jobson, atacante do Botafogo, está envolvido em uma suspensão por uso de substâncias ilícitas. No último caso, em 2009, tomou um gancho enorme  e, também, uma fama de "drogado". Um total desrespeito a um atleta e, principalmente, a um ser humano. Nós temos a predisposição de apontar o dedo à outra pessoa que comete um erro de uma forma muito mais rápida, do que ajudar ela a consertar este erro. Isso, claro, quando ajudamos (em raros casos). Mais uma vez, apontamos (Lê-se FIFA) o dedo "na cara" de Jobson. 

Antes que pense, o blog não tem a intenção de defender um atleta que foi punido por consumir substâncias ilícitas. De forma alguma queremos fazer um texto em defesa desse ato. Peço, por isso, que leia com bastante atenção os fatos expostos no decorrer da publicação. Até o fim, sem tirar conceitos antes da leitura completa.

Atletas com dificuldades parecidas com a de Jobson, tem aos montes espalhados por esse "Brasilzão" aí. Inclusive, grandes casas e impérios (pense um pouco, e entenderá). Porém, o Jobson se difere, talvez, por não ter a "malandragem" ou, simplesmente, por ter uma relação mais grave com essas substâncias. Após o caso de 2009 - se bem recordarmos - ele ficou afastado, jogado, sem nenhuma mão para ajudá-lo a tirar dessa "vida". Não é sentimentalismo bobo, é realidade. Nós não queremos tratar atletas (lê-se ser humano também) com esses problemas. Queremos punir e, dessa forma, empurrá-lo para piorar e aí punir mais e mais. Nem digo com as leis do futebol. Digo nas leis da vida. Se esta punição de 4 anos, de fato, ocorrer, arrisco-me a afirmar que a carreira de Jobson está, praticamente, terminada. Se em 2009 ninguém queria lhe dar a mão para levantar, em 2019 (após a punição) quem irá fazer isso?

Segundo a FIFA, a punição de 4 anos se deve ao atleta ter se negado a fazer o exame anti-doping enquanto atuava pelo  Al-Ittihad, da Arábia Saudita, em 2014. Segundo o Fernando Solera, médico responsável pelo controle de doping da FIFA, quando entrevistado pelo Globoesporte.com, disse que "é alegação dele que não foi informado. Trabalho do lado de cá, sou uma comissão de controle de doping, e acredito na comissão de controle de doping da Arábia Saudita. O assunto foi estudado com cuidado, de setembro até agora, a Fifa demorou para concluir o assunto. Foi tudo extremamente estudado, a documentação foi conferida. Para nós da CBF, não há contraditório. Houve um desrespeito ao controle de doping e a pena foi aplicada"

Sendo um pouco menos "cintura dura", esquecendo a lei um pouco, era de conhecimento de todos que acompanhavam as notícias sobre futebol, na época em que Jobson atuava pelo clube árabe, que a relação entre o atleta e o clube não era nem um pouco boa. Em certo período, contradizendo isso, estava tudo "mil maravilhas". O atacante recebeu, inclusive, uma Ferrari de um dos dirigentes árabes. Porém, as coisas foram mudando e chegou, infelizmente, à uma situação inimaginável onde o passaporte do jogador foi bloqueado e tomado pelo clube. Logo, Jobson não poderia sair do país. Isso é intolerável e, como disse, inimaginável. E, caros, isso a FIFA não comenta. Por quê?

Essa situação de passaporte bloqueado se arrastou por um bom tempo, até que Jobson suplicou ao advogado, que entrou em contato com o Brasil e, felizmente, essa situação se resolveu. Agora, vos pergunto: você, caso estivesse na situação do Jobson, teria feito o exame? Confiaria nos tais regulamentos da FIFA que sequer te protegia enquanto acontecia tudo aquilo? 

É uma situação de extrema dificuldade. Não se discute o fato do atleta ter utilizado substâncias ilícitas. Discute-se o fato de haver dois pesos e duas medidas. A FIFA, por exemplo, confia e defende o lado exposto pelo árabes, que cansam de dar calotes em transações e fazem o que bem entendem como, por exemplo, impedir que o jogador saia do país. Será que o clube não merece uma punição? 

Jobson, até o momento, segue banido do futebol por 4 anos. O Botafogo tenta efeitos suspensivos e o advogado do Jobson, Marcos Motta, diz que há fatos concretos para não haver essa punição. 

- Cada caso de doping é diferente um do outro. Existem as circunstâncias da substância, as circunstâncias do procedimento do exame. São critérios muito severos, para que sejam validados pelas entidades antidoping, como a Wada e a Fifa. O caso do Jobson é atípico, pelo procedimento que foi adotado. Até hoje não temos cópia do procedimento na Arábia Saudita. É um caso que nos causou bastante estranheza. Temos fatos bastante concretos para a absolvição do atleta. A Fifa não julga mérito, apenas entendeu que a decisão na Arábia Saudita foi correta - disse o advogado, por telefone ao SporTV.

Segundo ainda o advogado, Jobson não irá jogar contra o Vasco, nas finais do Cariocão. E eu, que vos escrevo, não passo a mão na cabeça do atleta que cometeu um erro. Porém, peço com veemência para que paremos de apontar o dedo na "cara" de quem erra. Que tentemos ajudar ao invés de punir seriamente. Que busquemos alternativas. Não só com o Jobson. Ele é apenas mais um que erra. Já erraram tantos outros e muitos mais ainda aparecerão. Que mudemos a postura. É esse meu pedido.

Um abraço,

Arthur Guedes.
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