terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Quando um muito obrigado não consegue retribuir...


Quando os aplausos, gols, lances e momentos especiais se tornam presentes apenas em gravações e na memória de quem viu. Quando a emoção não nos deixa falar e só nos faz gaguejar. Quando a raiva e a felicidade  acabam se coincidindo. Quando um muito obrigado não consegue retribuir, meu caro, apenas alguns segundos de silêncio consegue dizer tudo. 

O Seedorf, a princípio, chegou mais ídolo do que sairia. Ele foi a bendita contratação que o presidente, Maurício Assumpção, havia prometido que fecharia o aeroporto. E fechou. Mas não foi só o aeroporto não, meu caro. Desde os primeiros obrigados meio arranhados ditos pelo holandês, os torcedores alvinegros haviam encontrado ali o seu porto seguro, o craque/ídolo no qual entraria em todas as discussões de bares como argumento. O Seedorf antes mesmo de jogar já havia agregado algo ao Botafogo. E o Botafogo agregaria algo na carreira deste jogador também, posteriormente. 

Ele mostrou desde o início que faz parte daqueles ídolos que têm personalidade, sabe? Ele gosta de mandar, de reger e comandar. E isso não é querer aparecer mais do que os outros não. Isso é saber da sua qualidade e que pode acrescentar ainda mais. Ele tem consciência da sua qualidade, não só técnica, e quis ensinar isso aos garotos, que o viam como um pai. E como o presidente do Botafogo fez questão de ressaltar, como foi importante o Seedorf para a base alvinegra. Ele sim pode ser chamado como "professor", e sem qualquer endeusamento presente. Ele trouxe uma motivação ainda maior para aqueles garotos levantarem de suas camas e irem jogar e aprender com ele. Ele possibilitou aos garotos jogarem com aquele que eles admiram e que, possivelmente, só pensariam em jogar com ele nos videogames 

Seedorf trouxe patrocínios ao Botafogo. Seedorf trouxe dinheiro ao glorioso. É um ponto importante sim e não pode ser esquecido. Um ídolo e craque faz isso. Infelizmente, houve uma infelicidade ao Botafogo com relação ao estádio, mas com a ajuda do holandês tudo isso foi ultrapassado. 

Durante a sua passagem, ele "deu" ao Botafogo apenas um campeonato estadual, como é sempre noticiado. Mas sabemos que não foi apenas isso. A taça do estadual foi apenas um coadjuvante. O que ele fez de MAIOR no Botafogo foi ser a referência do time para a ida à Libertadores. Ele lutou, tirou jogadores de entrevistas, que possivelmente os desvirtuariam, e chorou com cada que lesão que o tiraria de um jogo, que seja.  

O "negão" merece nossa admiração pelo homem que é. Se você não o admira pelo futebol que jogou, o admire por ter sido profissional até o seu último jogo. Mesmo que você não torça pelo Botafogo. São de homens como o Seedorf, que o futebol necessita. Infelizmente, como ele temos poucos, e esses poucos merecem homenagens.  

O holandês já passou por clubes como Real Madrid, Ajax, Internazionale, Milan e outros. Mas predestinadamente, meu caro alvinegro, ele decidiu se aposentar no Botafogo. Hoje, o Botafogo ganhou mais um estrela em meio a tantas outras, e o Seedorf ganhou a maior delas na sua carreira: a solitária. 

Grande abraço, 

Arthur Guedes.