domingo, 28 de fevereiro de 2016

A prepotência e potência não são mais as mesmas


Anderson Silva, na noite deste sábado (27), enfrentou e foi derrotado pelo americano Michael Bisping, no UFC Londres, realizado na Inglaterra. Após cinco rounds envoltos por muitas polêmicas, o brasileiro acabou não convencendo aos árbitros, que deram vitória a Bisping de forma unânime.

Desde o início da luta, Silva mostrava que estava em um nível abaixo da época da qual marcou história no UFC. Era de se esperar, tendo em vista que já alcançara a casa dos 40 anos de idade. Mas para a nossa surpresa, seus reflexos ainda estavam bem aguçados, e podemos perceber isso em suas rápidas esquivas, nos constantes ataques de Bisping nos dois primeiros rounds. Foi justamente por se esquivar demais, ao invés de lutar, que Anderson perdeu pontos importantes, que acabaram fazendo a diferença para os jurados.

Anderson Silva entrou no octógono confiante no seu estilo de luta, mas nós, brasileiros que já o assistimos inúmeras vezes, não. Sua lesão e grande derrota mais recente ocorreu, principalmente, por tentar "brincar" demais com o adversário. E Anderson pecou novamente por isso. Brincou, dançou, esquivou, mas não lutou. Foi querer lutar nos dois últimos rounds, onde, por pontos, não teria mais a possibilidade de vencer. Só restava a Anderson, bater. Mas bater muito, até apagar o americano.

O brasileiro até que tentou. Começou a encaixar alguns bons golpes no Bisping, mas não conseguia dar sequência a esses golpes, algo bem constante no seu auge. Anderson perdeu sua explosão. Não tinha mais a mesma potência de "partir para cima" do adversário atordoado. O americano acusou por diversas vezes os golpes de Anderson, mas teve tempo sempre de se recuperar. 

Anderson Silva aplica joelhada em Michael Bisping
Até que chega o momento, no fim do terceiro round, em que Michael Bisping reclama com o árbitro da luta, Herb Dean, que seu protetor bocal havia caído no chão e que precisaria pegá-lo. Anderson Silva, então, aproveitou e o aplicou uma joelhad
a que acabou derrubando o americano. O brasileiro comemorou, mas Dean não havia dado vitória para o Anderson Silva. O árbitro explicou o motivo:

"No momento em que o round foi encerrado, Bisping não estava inconsciente. Ele estava caído e machucado, mas estava olhando para Anderson em postura defensiva e, vendo isso, eu não poderia parar a luta. Se, ao invés de comemorar, Anderson tivesse continuado a atacar, aí sim, seria uma outra história. Mas ele estava festejando quando o gongo soou, e só ali o round acabou".

Após a polêmica, ainda ocorreram dois rounds. Vencidos por Anderson Silva, no meu entendimento. O brasileiro aproveitou que os muitos sangramentos no rosto do adversário e cresceu na luta. Mas sem a velha potência e explosão, não conseguia emplacar uma sequência de golpes que, consequentemente, lhe daria a vitória. 

No fim, Anderson perdeu por pontos. Perdeu por não ter a mesma potência de antes e a prepotência que tinha objetivo. Ontem, em Londres, Anderson não lutou e foi disparar contra o UFC, afirmando ter corrupção, assim como no Brasil. Depois de tantos anos defendendo essa competição, ganhando dinheiro em cima disso, fica muito feio atacar o evento. Ninguém no Brasil esquecerá sua história, Anderson. Nada será apagado por derrotas. Mas não dê uma de Ronaldinho Gaúcho e não manche suas glórias com polêmicas no fim de carreira. 

Abraço,

Arthur Guedes.