Deivid, novo comandante do Cruzeiro |
Comandante. Chefe. Professor.
Você pode chamar de diversas formas aquele senhor que, por vezes, senta no
banco de reserva ou, por outras vezes, vai até na beirada do campo gritar com
seus jogadores. Ser treinador de futebol está longe de ser uma profissão fácil
e talvez por isso vejamos quase sempre os mesmos nomes perambulando pelos
clubes tantas vezes. Essa pouca renovação no mercado de técnicos está começando
a mudar, felizmente, com aparições de nomes como o Roger Machado, do Grêmio, por exemplo, ou
até mesmo o Deivid, ex-atacante e hoje treinador do Cruzeiro.
O futebol brasileiro tem como uma
característica bastante evidente a pouca paciência e, desta forma, preza sempre
pelo bom resultado de forma imediata, rápida. Nós, brasileiros, sempre queremos
que as coisas mudem de forma instantânea, da água para o vinho. Mas, na verdade, sabemos que
isso não acontece, a menos que Jesus queira voltar para a Terra e escolha ser técnico de
futebol.
O futebol, acima de qualquer coisa,
é planejamento. Existem exceções? Claro que sim. O Flamengo em 2009 talvez
tenha sido o mais recente. Mas não podemos nos basear por isso. É cansativo
sempre vermos nomes como o de Celso Roth, Luxemburgo, Joel Santana, Mano Menezes e tantos
outros que já tiveram outras chances (e tantas outras!), mas que não vingaram
tanto (com exceção do Luxa e do Joel, que já conquistaram títulos expressivos). Mas que tal mudar? Que
tal darmos espaços para aqueles que estão aparecendo? Para aqueles que se
destacam em divisões inferiores, que passam por maiores dificuldades e que
mesmo assim obtiveram êxito?
O que pode parecer estranho aqui
no Brasil, na Europa não é. Basta lembrarmos, por exemplo, do Jurgen Klopp, que
fez um excelente trabalho no Borussia Dortmund, em 2001, época que tinha 43
anos apenas. Rafa Benítez conduziu o Liverpool à glória em 2005, quando tinha
45 anos. Frank Rijkaard tinha 43 anos quando conduziu o Barcelona ao seu
primeiro título europeu desde 1992. Com 47 anos de idade, Carlo Ancelotti
conquistou a sua segunda coroa europeia como treinador do Milan em 2007. André
Villas-Boas, aos 33 anos, tornou-se o mais jovem treinador a vencer uma
competição europeia quando o FC Porto triunfou na final da UEFA Europa League
de 2011. Mais recentemente, Zidane se tornou o novo técnico do Real Madrid, aos
43 anos.
Exemplos não faltam. Até aqui
perto. Na Argentina, Marcelo Gallardo venceu a Copa Libertadores da América
pelo River Plate aos 39 anos de idade. O treinador do Huracan, Eduardo Domínguez,
foi vice-campeão da Copa Sul-Americana. Ele possui 37 anos de idade. Por que
não apostamos aqui no Brasil? É essa a pergunta que temos que nos fazer.
Deivid, aos 36 anos, ao lado do
Pedrinho, 38 anos, formam a comissão técnica do Cruzeiro para a temporada de
2016 (técnico e auxiliar técnico, respectivamente). O que mais torço é para que ambos tenham tempo necessário para poderem desempenhar um bom papel. Não existe treinador que chega para resolver. O treinador
resolve um problema com trabalho, com tempo. Que eles tenham tempo e confiança,
assim como teve o Roger Machado no Grêmio que teve seu contrato renovado, após
suceder o Luis Felipe Scolari (treinador renomado, com títulos expressivos, mas
que fez um péssimo trabalho).
Nós temos exemplos de bons
trabalhos. Agora teremos que ter bons exemplos de paciência. Será?
Um grande abraço,
Arthur Guedes.