segunda-feira, 23 de março de 2015

Vinte e dois de março

Foto: Rudy Trindade / FramePhoto
Era o dia Internacional da água. O dia, inclusive, de algo que está nos causando problemas pela sua falta e, evidentemente, por ser tão essencial em nossas vidas. Mas que azar desta água, não é? Tanto dia para "tachar" como seu e foi escolher logo num dia de Flamengo x Vasco? 

Embora tenhamos passados por mal bocados com a falta dela no início do verão, ela resolveu aparecer em março, no dia 22. Não fora qualquer chuvisquinho. Foi uma baita chuva, de alagar ruas e, infelizmente, gramados. O Maracanã, palco irretocável, por hora, precisava de uns ajustes, de um pouco menos de água. Que ironia, né? Num momento precisamos, noutro pedimos sua ausência. 

Mas antes da chuva se tornar protagonista neste domingo, houve cerca de 20 minutos de partida. E não foram quaisquer 20 minutinhos. Tivemos um clássico já, desde o início, pegado, veloz e com chances para ambos os lados. Primeiro, Dagoberto quase chega a marcar numa bola que saiu da falta do zagueiro Rodrigo e, posteriormente, dos pés de Serginho. Depois, já em meio a enormes poças d'água, Martín Silva comete uma falha - e contando com uma parcela enorme de azar - ao repor a bola em jogo num passe rasteiro para o zagueiro Rodrigo, que para na tal protagonista da noite, a água, e sobra tranquila para Alecsandro marcar o primeiro gol da partida e do Flamengo. Um pouco antes do clássico ter sua paralisação de 50 minutos, o meio campista cruzmaltino, Julio dos Santos, ainda tivera uma boa chance ao acertar a bola na trave da baliza rubro-negra num lançamento de Rodrigo, que desvia no Wallace, capitão do Flamengo, e desliza em mais uma poça d'água. 

Depois da falta de sorte do paraguaio vascaíno, a água quis tomar a régia do clássico por completo e fez com que a partida parasse. Foi o tempo dos jogadores esfriarem um pouco o ritmo, acertarem alguns pontos e esperarem a água diminuir seu ego e deixar, finalmente, a dupla Vasco e Flamengo tomarem novamente o papel de protagonista do chuvoso domingo do dia 22. 

Quando o jogo retornou, num Maracanã apenas 'úmido', todos acertadamente se assustaram com o ritmo já imposto pelas equipes. Nem parecia que estavam paradas por quase uma hora. Que felicidade! Aliás, feliz foi o chute do Bernardo, meia que acabara de entrar no lugar do Dagoberto, que saiu machucado, que quase surpreendeu o Paulo Victor. Era apenas um sinal, de que o gol iria chegar. O Vasco voltou com mais gana, e estava mais arrumado em campo. E após o 'corner' cobrado por Bernardo, o desvio no primeiro poste do Julio dos Santos, Gilberto, o camisa 9 da Colina, cabeceou e marcou o empate vascaíno. Paulo Victor bem que tentou, mas essa nem a água que tentara ser protagonista o tempo inteiro, conseguiria evitar. Antes de vir o segundo tempo, ainda restou um instante para Canteros quase marcar o 2° do Flamengo num passe de Cirino. 

A segunda etapa voltou eletrizante, como o clássico exigia. O rubro-negro voltou mais atento e, com o campo mais seco, voltou a explorar sua velocidade com Cirino, Márcio Araújo e, também, com Éverton. E foi através do atacante que defendeu o Atlético-PR na temporada passada, que o Flamengo marcou seu segundo gol. Cirino passou por Serginho, mas não pelo Guiñazu, que fez o penal. Penal que foi carinhosamente convertido pelo Alecsandro, 2° do Flamengo, 2° do centro-avante.

Em meio a tentativas de Canteros e Cirino, o Vasco aparecia em contra-ataques com Thales e Bernardo, que arrancou e foi derrubado por Paulinho, que depois chutou a bola em cima do meia cruzmaltino. Pronto, o tempero especial que todo clássico detém. Briga, empurrão e até soco teve. No fim? Caminho da rua (no caso, vestiário) para Guiñazu (que encheu de porrada o árbitro pelos olhares), Bernardo, Paulinho e Anderson Pico (que golpeou o meia cruzmaltino). Se analisarmos bem, não foi a melhor decisão. Mas, no momento, foi. E o clássico que já estava sendo disputado pelo coração, no fim do segundo tempo e com 9 para cada lado, se tornou ainda mais 'corpo&alma'. Rodrigo, zagueiro incansável do Vasco, tentou de cabeça e foi só. Aos 47 minutos (ou 92, caso prefira) o senhor João Batista de Arruda apitou pela última vez e terminou o clássico que roubou o protagonismo da senhora água. 

O Vasco da Gama perdeu a liderança e o Flamengo subiu para 3°, ficando logo atrás do Madureira e do líder Botafogo. E a senhora água poderá aparecer outro dia, quiçá na indigesta segunda-feira para os cruzmaltinos...

Um abraço,

Arthur Guedes.
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