Fiz este texto em 2012. Sou fã do Barça não de agora. Não da época de Messi, Iniesta ou Xavi Hernandez. Sou fã desde De la Peña, Luis Enrique, Zubizarreta e Pep Guardiola e Luis Figo. Confiram!
Há exatos 55 anos, o Barcelona entrava em campo para vencer por 4 a 2 um combinado da Varsóvia. Em 24 de setembro de 1957, o Camp Nou era inaugurado. Maior que o estádio de Les Corts, defasado para as necessidades do clube. É o maior estádio da Europa em capacidade (98 mil pessoas), mas sua grandiosidade não está aí.
O Barcelona tem uma história que caminha ao lado da luta catalã por reconhecimento de sua língua, suas tradições e organização política e social. Por conta disso, foi por vezes perseguido pelo centro do governo espanhol, especialmente nos períodos ditatoriais. O clube chegou a ter o estádio antigo interditado por Primo Rivera em 1925, depois de manifestações contra o governo. Em 1936, o presidente Josep Suñol foi assassinado durante a Guerra Civil. Com a ascensão de Francisco Franco ao poder, a identidade catalã foi ameaçada.
O idioma oficial da Catalunha passou a ser o castelhano e a repressão a qualquer manifestação contrária à ditadura era veemente. Até o clube precisou mudar de nome: de Futbol Club Barcelona para Club de Fútbol Barcelona. Foi aí que o Camp Nou se tornou especial. No campo se falava o catalão e a equipe era uma representação dos valores de seu povo. Virou um símbolo de democracia e liberdade. Foi importantíssimo para a construção do “barcelonismo” em sua essência. Mais do que torcer por um time marcar mais gols que seu adversário.
Em 1975, um mês depois da morte de Francisco Franco, Barcelona e Real Madrid se enfrentaram no confronto que ficou conhecido como “jogo da volta das bandeiras”. Depois de décadas, via-se novamente o orgulho catalão nas arquibancadas. O Barça venceu por 2×1, com um gol aos 44 minutos do 2º tempo. Emblemático. Depois de quase 40 anos de democracia, o Camp Nou passou a ser cenário de grandes jogos e pode até ser substituído por outro mais moderno, mas já fez seu papel. Provou que quem é mais que um clube, tem também mais que um estádio.
Abraços,
Henrique Nascimento
Abraços,
Henrique Nascimento