segunda-feira, 11 de maio de 2015

Mais que um clube




Fiz este texto em 2012. Sou fã do Barça não de agora. Não da época de Messi, Iniesta ou Xavi Hernandez. Sou fã desde De la Peña, Luis Enrique, Zubizarreta e Pep Guardiola e Luis Figo. Confiram!
Há exatos 55 anos, o Barcelona entrava em campo para vencer por 4 a 2 um combinado da Varsóvia. Em 24 de setembro de 1957, o Camp Nou era inaugurado. Maior que o estádio de Les Corts, defasado para as necessidades do clube. É o maior estádio da Europa em capacidade (98 mil pessoas), mas sua grandiosidade não está aí.
O Barcelona tem uma história que caminha ao lado da luta catalã por reconhecimento de sua língua, suas tradições e organização política e social. Por conta disso, foi por vezes perseguido pelo centro do governo espanhol, especialmente nos períodos ditatoriais. O clube chegou a ter o estádio antigo interditado por Primo Rivera em 1925, depois de manifestações contra o governo. Em 1936, o presidente Josep Suñol foi assassinado durante a Guerra Civil. Com a ascensão de Francisco Franco ao poder, a identidade catalã foi ameaçada.
O idioma oficial da Catalunha passou a ser o castelhano e a repressão a qualquer manifestação contrária à ditadura era veemente. Até o clube precisou mudar de nome: de Futbol Club Barcelona para Club de Fútbol Barcelona. Foi aí que o Camp Nou se tornou especial. No campo se falava o catalão e a equipe era uma representação dos valores de seu povo. Virou um símbolo de democracia e liberdade. Foi importantíssimo para a construção do “barcelonismo” em sua essência. Mais do que torcer por um time marcar mais gols que seu adversário.
Em 1975, um mês depois da morte de Francisco Franco, Barcelona e Real Madrid se enfrentaram no confronto que ficou conhecido como “jogo da volta das bandeiras”. Depois de décadas, via-se novamente o orgulho catalão nas arquibancadas. O Barça venceu por 2×1, com um gol aos 44 minutos do 2º tempo. Emblemático. Depois de quase 40 anos de democracia, o Camp Nou passou a ser cenário de grandes jogos e pode até ser substituído por outro mais moderno, mas já fez seu papel. Provou que quem é mais que um clube, tem também mais que um estádio.

Abraços,

Henrique Nascimento