sábado, 11 de outubro de 2014

O dedo de Dunga

Ilustração: Ray Melo
Ele chegou contestado. Eu também me incluo nessa lista, porquê não acreditava ser um grande passo a ser dado chamar um cara - que por mais que tenha tido bons números em sua última passagem - fracassou, assim como Felipão, e, além do mais, tendo atitudes bastante desagradáveis. Mas ele foi o escolhido para trazer uma "revolução" a nossa seleção brasileira e, hoje mostrou que a equipe mudou, está com a vontade característica dele, o gana de pegar a bola e marcar qualquer jogador, inclusive um craque. Hoje a seleção está com a 'cara' de Dunga, ou melhor...Com o dedo.

O primeiro título já chegou na "Era Dunga" com pouco menos de 4 meses no cargo. O Superclássico das Américas foi vencido de forma, no mínimo, bela. O placar de 2 a 0 à favor do Brasil não traduziu o que foi a partida. As mudanças, em relação ao trabalho e/ou escolhas de jogadores feitas pelo Felipão, foram praticamente primárias, poucas. Mas nessa partida com uma efervescência fora do comum, um Brasil e Argentina, percebemos mudanças drásticas, principalmente com relação àquele jogo contra a Alemanha, na Copa do Mundo. A mudança não foi na escalação, embora o Dunga tenha promovido a entrada de rostos "novos" na equipe. A troca foi na postura, no modo de jogar e de se portar em campo. Aliás, é essa a grande revolução que a seleção brasileira precisava, e quem bom ver a sua chegada.

O meio-campo se portou de outra forma. Fechado, com um padrão tático, que pode ser modificado durante a partida. As mudanças táticas não são reprováveis, precisam ocorrer mesmo, afinal de contas o adversário muda de partida para partida. Cada jogo é um jogo, não é? O que é reprovável é um time não ter um padrão tático e se modificar de partida em partida. O padrão tem que ser um, como a própria palavra já deduz. Mas com vertentes que poderão ser utilizadas dependendo da situação. E foi justamente isso que enxerguei nessa equipe de Dunga. E o ponto clímax, onde é possível perceber tal mudança com facilidade, foi na entrada de Kaká na equipe. Com a saída de Diego Tardelli, Neymar se tornou um "falso 9", um atacante que se movimenta, e o esquema (que começou num 4-4-2 básico, com dois volantes e dois meias) se modificou para um 4-2-3-1, com Oscar, Kaká e Willian fazendo a trinca de armadores. Essa vertente ocorrendo em meio a partida quebra qualquer esquema adversário, assim como quebrou o da Argentina.

As entradas de Miranda, Filipe Luis, Elias, Danilo, Tardelli e Jefferson foram boníssimas. Mostraram que podem ser boas opções para a tal revolução de Dunga. Fora, é claro, Ricardo Goulart e Everton Ribeiro que vivem grande fase. 

O Kaká eu queria dar um destaque individual. A presença dele já vale, muitas vezes, por si só. Mas não enxergo o Ricardo 'Kaká' como um jogador apenas de nome, que está em uma forma física pífia e apenas serve para "causar medo" ao adversário. O Kaká pode sim causar medo dentro de campo, como causou hoje ao chamar, em um lance, três adversários argentinos para sua marcação. O que ele tem mostrado no São Paulo é alegrador. É sempre bom ver um jogador já consolidado no futebol ainda querendo mostrar mais, apresentar a todos que ele pode ser sim uma grande opção e que podemos contar com ele. Eu tenho a certeza disso. Eu contaria com o Kaká. E acho que o Dunga partilha dessa ideia também.

O título de hoje foi um passo importantíssimo nesse início de "Era Dunga". É sempre alegrador começar sendo campeão. Mas, como destaquei, o passo mais importante foi dado: a verdadeira mudança de postura. A seleção brasileira já mudou e me agradou. A seleção brasileira intimida e, agora, mostra que tem o dedo de Dunga.

Um grande abraço,

Arthur Guedes.
(Facebook: https://www.facebook.com/arthur.guedes.54)
(Twitter: @GuedesLoco)