Rapaz, à que ponto chegamos, hein? O futebol tem sido mais
discutido dentro dos tribunais do que em campo. Há mais “comentaristas” de leis
do que esportivo. Há mais juízes do que árbitros. O gramado deu lugar ao piso,
e a plateia não está ali para torcer. As coisas mudaram nesse fim de ano, não é?
Após um ano de merecimento, tais como o título nacional do
Cruzeiro e a Copa do Brasil rubro-negra, e de constatações como a queda de
Náutico, Ponte Preta, Vasco e Fluminense, um acontecimento, após os “portões”
do campeonato brasileiro já terem se fechado teve um rebuliço maior do que tudo
isso. E não estou me referindo a selvageria que ocorreu em Joinville. Afinal,
aquilo sim merece nossa atenção. Eu me refiro as infrações, meu caro.
Ah, as infrações...Como nós gostamos de cometê-las. Sempre
damos o nosso famoso “jeitinho brasileiro”, não é? Não seja hipócrita. O gato
de luz ou de qualquer outro tipo é crime, mas sabemos que as pessoas fazem.
Você já usou ou tentou usar um despachante para dar um jeitinho na documentação.
É, meu amigo, todos nós gostamos de adiantar o nosso lado. Sabemos que não é
correto, mas mesmo assim o fazemos.
A escalação de jogadores que ainda deveriam cumprir
suspensão é o “jeitinho brasileiro” unido ao “ah, nunca vão me pegar”. Não me
venha dizer que eles não sabiam que determinado jogador ainda teria que cumprir
suspensão. Isso é balela pra gente ingênua, por favor. Eles escalaram, porque
quiseram dar novamente o jeitinho. Só que ocorreu uma coisa de diferente dessa
vez: o STJD foi obrigado a pegá-los. Eu vou explicar...
Recentemente tem aparecido diversas hipóteses de perda de
pontos em diversos clubes, por terem cometido a mesma irregularidade que
Portuguesa e Flamengo. E eu tenho uma pergunta para fazer: Por que eu tenho a
certeza que se não houvesse esse caso envolvendo o Fluminense e a Portuguesa,
nunca saberíamos das outras infrações cometidas pelos diversos clubes? Porque a
nossa Federação é amadora e suja.
Eu te garanto, meu amigo, que se a queda de um grande não
estivesse em jogo, essa irregularidade da Portuguesa nunca viria à tona e
passaria despercebida como tantas outras, que com certeza ocorreram. E com
relação à isso eu te faço outra pergunta: você tem noção de quantas
irregularidades já não ocorreram em campeonatos anteriores e nós nem percebemos?
Pois é, nem a Federação.
Aqui no Brasil as coisas funcionam assim: só dá problema
quando envolve algo/alguém grande. Fora isso, que roubem à vontade.
Por fim, eu só gostaria de deixar bastante claro que o
Fluminense não está fazendo absolutamente nada de errado. É lei. Se um clube
comete uma infração, automaticamente ele precisa receber as punições cabíveis
para tal ato. Que punição receberá? Isso cabe ao STJD julgar. Mas como creditar
tal responsabilidade de julgamento à algo tão sujo e displicente? Difícil...
Grande abraço,
Arthur Guedes.